A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) firmaram um acordo de cooperação para destinar aves apreendidas pelos órgãos de fiscalização para reabilitação na Faculdade de Veterinária da Ufrgs (Favet). A intenção é que ainda este ano seja construído um viveiro e inicie a recuperação das aves.

 

O viveiro terá 1,5 mil metros cúbicos, e será construído, em área da Ufrgs (ao nordeste da Favet, próximo ao projeto de Energia Solar, com R$ 250 mil em recursos destinados por empresa licenciada do ramo florestal. O diretor da Favet Emerson Contesini espera ainda este ano ver o projeto em pleno funcionamento. 

 

A ideia é integrar estudantes de graduação e pós-graduação em atividades de ensino, pesquisa e extensão que produzam conhecimento a respeito da recuperação das aves de diferentes espécies, focando, inicialmente, em pássaros não ameaçados, como canários, azulões e cardeais. Antes de serem destinados à Ufrgs, os animais passarão pela triagem do Ibama, que também acompanhará o desenvolvimento dos trabalhos de recuperação.

 

Coordenador do projeto, o professor Cláudio Cruz explica que a recuperação dos passarinhos abrange pelo menos três pontos principais: reaprender a temer a interação com humanos, reaprender a voar e a reintrodução da dieta natural. A partir do desenvolvimento dos trabalhos, podem ser gerados protocolos científicos a serem empregados em futuros casos, abrindo espaços para pesquisas acadêmicas.

 

A reintegração das aves deve ser realizada em espaços de preservação florestal. Uma vez lá colocados, os animais contribuem para a renovação e crescimento das florestas, levando sementes dos vegetais de um lado para outro. Segundo os técnicos do Ibama, Maurício Souza e Paulo Wagner, milhares de pássaros são apreendidos anualmente pelos órgãos de fiscalização no RS, mas nem todos serão destinados à Ufrgs. 

 

A proposta é iniciar o trabalho em pequenas quantidades, de acordo com as condições de acompanhamento que as equipes da Ufrgs terão para desenvolver tanto o estudo dos processos quanto a recuperação e reintrodução dos animais. Segundo eles, um fator importante para a construção de conhecimento sobre a reabilitação é a participação de estudiosos de outras áreas, como da biologia ou mesmo das engenharias, uma vez que até o desenvolvimento de tecnologias de monitoramento das aves pode ser interessante para os estudos.