A Secretaria da Agricultura e Pecuária (Seapa-RS) anunciou, na última quarta-feira, que, apesar dos cortes de despesas que o governo vem fazendo, será mantido o orçamento de R$ 8 milhões para a Campanha de Vacinação Contra a Febre Aftosa. Entretanto, será alterado o enquadramento de produtores. Neste ano, terão direito às doses gratuitas os criadores de bovinos enquadrados no Pronaf e PecFam que possuírem até 30 animais.

Até o ano passado o limite era de cem cabeças. Segundo o secretário Ernani Polo, ainda

assim serão beneficiados com 3,9 milhões de doses gratuitas 77,9% dos produtores do Estado

– 270 mil propriedades. A vacinação começa em maio. “Com o cumprimento dos recursos

orçamentários, sem sofrer cortes, vamos atender a ampla maioria dos proprietários de bovinos

do RS, quase 80%”, garante Polo.

         O Rio Grande do Sul é o único Estado brasileiro a doar vacinas contra a Febre Aftosa. De acordo com a Instrução Normativa número 44/2007 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a aquisição e aplicação da vacina são responsabilidades do proprietário dos animais. Relatórios de auditoria realizados por técnicos do Mapa criticam a prática das doações por demandarem os recursos humanos do Serviço Veterinário Oficial para distribuição de vacinas, em detrimento das atividades de fiscalização e vigilância.

         Repercussão - O Chefe do Serviço de Sanidade Animal do Mapa, Bernardo Todeschini, apoia a iniciativa da Seapa-RS e entende que existe um engessamento na atividade fim dos técnicos do serviço de oficial de vigilância pois, a cada ano, ficam envolvidos seis meses em todo o processo de vacinação. “Os técnicos ficam imobilizados, direcionando suas ações em medidas que envolvem a distribuição da vacina, no lugar de estarem livres para desenvolver mais amplamente as ações de defesa”, avalia.

         O secretário da Agricultura salienta que a imunização é uma importante ferramenta para evitar a dispersão da Febre Aftosa, entretanto ressalta que estudos epidemiológicos demonstram ausência de circulação do vírus da doença no Estado. “É importante dizer que, além da vacinação, o produtor precisa estar atento a outras medidas de defesa sanitária, contribuindo com a manutenção da sanidade de seu rebanho. Precisamos concentrar esforços no sentido de melhorar nosso status sanitário”, alerta.

         O presidente do Fundesa, Rogério Kerber, acredita que a conscientização dos produtores é o melhor caminho para o avanço do status sanitário do estado. “Tivemos muitos progressos, com a informatização das inspetorias, a reestruturação dos Postos Fixos de Divisa e a realização de concurso público para o ingresso de novos fiscais. Precisamos garantir também o total comprometimento dos produtores para alavancar a economia do RS com a possibilidade de alcançar outro status sanitário”, completa.

         Para Francisco Signor, independente da discussão relativa a campanha de 2015, é preciso avançar no processo da retirada da vacinação: “Precisamos discutir com intensidade essa questão, caso contrário vamos deixar o Rio Grande no caminho, perdendo o trem da história. É muito difícil hoje você conquistar mercados e empreendimentos agroindustriais, como por exemplo na área de suínos e frangos por conta dessa situação. O Rio Grande do Sul precisa agregar valor e nós temos condições”, avalia o Superintendente regional do Mapa.

         Também participaram da reunião o vice presidente da Fetag, Nelson Wild, Luiz Alberto Pita Pinheiro, representando a Farsul, o diretor técnico do Mapa, José Severo, a Secretária Adjunta Ildara Vargas, o diretor do Departamento de Planejamento Agropecuário, Antônio Aguiar, e Marcelo Goecks, Chefe da Divisão Sanitária Animal.