A delegada da Polícia Civil Thalita Andrich, lotada em Bom Jesus, na Serra, foi afastada do cargo nesta terça-feira por determinação da Chefia da Polícia Civil, que seguiu indicação da Corregedoria-Geral da Polícia Civil (Cogepol).

A polícia não fala sobre o caso, mas a medida foi adotada depois de a corregedoria descobrir que a delegada tinha conhecimento de que seu noivo, o ex-secretário de Desenvolvimento Econômico do município, Rafael Oliveira Silveira, mantinha um telefone celular dentro do Presídio de Estadual de Vacaria. Thalita, inclusive, teria sido flagrada em conversas com o noivo.

Silveira, que é vereador, está preso por suspeita de ter ordenado a matança de 126 cães e três gatos em Bom Jesus. No final de novembro, Thalita pediu afastamento da investigação por questões íntimas. Teria sido logo depois de identificar o primeiro suspeito, funcionário da prefeitura à época. Silveira e três servidores públicos foram indiciados, denunciados e se tornaram réus no caso.

O celular foi apreendido com Silveira no presídio no dia 13 de janeiro. Thalita, que está em estágio probatório, deve responder a inquérito policial na Cogepol e a uma sindicância que pode concluir pela demissão do serviço público.

A ação

Em 20 de novembro, foram encontradas dezenas de animais mortos em Bom Jesus. O inquérito foi finalizado com registro da morte de 126 cães e três gatos.

A polícia obteve um vídeo que mostra um Corsa Hatch circulando por uma rua central da cidade. O carro passou vagarosamente por um grupo de cães e se afastou. A polícia identificou o dono do veículo, funcionário da prefeitura.

Segundo depoimentos de dois suspeitos do crime, em 19 de novembro, o grupo adquiriu 10 quilos de sebo em um açougue. O veneno teria sido injetado no sebo, distribuído em pedaços para os animais em 10 pontos de Bom Jesus. Conforme a promotoria, a perícia identificou estricnina.

O inquérito foi encerrado com o indiciamento de quatro suspeitos, indicando que o então secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Rafael Oliveira Silveira, seria o mandante da matança dos animais e teria recrutado os outros três suspeitos, também servidores da prefeitura à época, para concretizar o plano.