O Simvet/RS, atento à repercussão nacional da aula inaugural do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), vinculada ao Pronera, entende como legítimas as diversas notas de repúdio que emergiram da comunidade acadêmica, científica e profissional. O nosso apoio a esse movimento não se pauta em disputas ideológicas superficiais, mas sim em fundamentos técnicos, éticos e na defesa intransigente da Medicina Veterinária enquanto ciência a serviço da sociedade.
O juramento do médico-veterinário, inspirado no princípio de colocar o conhecimento científico a serviço da vida, da saúde e do bem-estar dos animais e do homem, é uma declaração universal de compromisso. Essa profissão, regulamentada pela Lei nº 5.517/1968, envolve responsabilidades que vão muito além da clínica individual: alcançam a saúde pública, a produção de alimentos de qualidade, a segurança sanitária internacional e a preservação ambiental.
Quando eventos inaugurais de cursos de Medicina Veterinária deixam de refletir esse compromisso técnico-científico, dando espaço a narrativas que fragilizam a credibilidade acadêmica, surgem compreensíveis manifestações de repúdio — não contra a inclusão social ou a democratização do ensino, mas contra o risco de desviar a formação de médicos-veterinários do seu núcleo essencial: ciência, ética e responsabilidade.
Vivemos um tempo de intensas transformações políticas, sociais e econômicas. A universidade pública tem papel fundamental na inclusão, no debate democrático e na aproximação com populações historicamente marginalizadas. O SIMVET/RS reconhece e valoriza esses avanços. No entanto, a Medicina Veterinária, como profissão estratégica para o Brasil e para o mundo, não pode ser instrumentalizada por discursos que enfraqueçam sua base técnica, científica e regulatória.
É nesse ponto que a crítica das entidades ganha força: não se trata de negar o Pronera ou a relevância das pautas sociais, mas de afirmar que a Medicina Veterinária é patrimônio coletivo e precisa ser conduzida com responsabilidade técnica, independentemente do viés político do momento.