Passados quase 15 anos do mais traumático episódio de febre aftosa no país, na cidade gaúcha de Joia, o enfrentamento da doença ganha outro viés no Rio Grande do Sul. Com Santa Catarina livre da doença sem vacinação desde 2007 e o Paraná se organizando para alcançar o mesmo status, o Estado reflete sobre a retirada da vacina para conquistar mercados de carne mais exigentes e não ficar isolado na Região Sul.
Os últimos focos da doença no Estado ocorreram em 2001 — quase um ano após o caso de Joia. Desde então, as cerca de 14 milhões de cabeças são vacinadas anualmente — em maio, animais de todas as idades, e em novembro, só bovinos de até 24 meses. No país, os últimos registros foram há 10 anos. Em 2005, a enfermidade foi constatada no Paraná e em Mato Grosso do Sul. Com a América do Norte e a Europa livres de aftosa sem vacinação e países do Cone Sul caminhando na mesma direção, a retirada da imunização é vista como natural, mas não tão simples. Coordenador de um dos grupos de trabalho encarregados de analisar as condições de sanidade animal e controle de fronteiras, Bernardo Todeschini, chefe do Serviço de Saúde Animal do Ministério da Agricultura no Estado, esclarece que a vacina ajuda a reduzir a incidência da doença com 80% de eficácia, mas não previne a entrada do vírus.
— As duas etapas da campanha de vacinação demandam quase seis meses de trabalho. Nesse período, os técnicos poderiam reforçar a vigilância sanitária e o controle de divisas e fronteiras. Nesta quarta-feira, as primeiras conclusões das atividades do grupo serão apresentadas ao Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal (Fundesa) e, depois, aos demais setores envolvidos.
— Queremos contribuir para criar condições que permitam retirar a vacina. A avaliação deve ser técnica — diz Rogério Kerber, presidente do Fundesa.
Conforme Grazziane Rigon, coordenadora do programa de erradicação da febre aftosa da Secretaria Estadual da Agricultura, há pontos críticos a serem avaliados, como fiscalização de fronteiras, vigilância em propriedades de risco e capacidade de resposta imediata em caso de emergência sanitária.
— Temos deficiências como a necessidade de um número maior de fiscais agropecuários — admite.
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